Fernando Nakagawa, BRASÍLIA - O Estadao de S.Paulo
Especialista orienta 40 famílias
As famílias têm se endividado tanto que um novo tipo de trabalho surgiu no mercado: o especialista em acabar com dívidas. Com calculadora, papéis e canetas, esse profissional vai à casa dos devedores para tentar dar um jeito na conta corrente e no cartão de crédito dos consumidores.
Um dos pioneiros foi o economista Augusto Sabóia, que atualmente acompanha a vida financeira de mais de 500 clientes. "São mais de 40 famílias em que faço um diagnóstico profundo das contas e descubro para onde vai o dinheiro. A partir daí, inicia-se um processo para mudar todo mundo: pais, filhos, avós... São meses para mudar a situação", diz Sabóia que se denomina um "planejador financeiro" e é convidado frequentemente para dar palestras em empresas sobre o assunto.
No trabalho desse tipo de profissional, está o desafio de alertar famílias de que é preciso ter planejamento e uma dose de racionalidade para gastar só o que o salário permite e, assim, usar os juros a seu favor. Esse é o caminho para ter a conta no azul e o cartão longe do crédito rotativo.
SITUAÇÃO ESDRÚXULA
A nova área de atuação dos consultores de finanças pessoais surgiu em meio à situação esdrúxula de o mercado brasileiro ter sido invadido nos últimos anos por uma avalanche de "consultores de investimentos pessoais".
A realidade para muita gente, no entanto, era bem diferente. Para um devedor, não adianta ter um analista de investimento. É preciso, antes, acabar com as dívidas.
"Geralmente, o consumidor só pensa se a parcela cabe no bolso. Ele nunca faz a conta de que vai pagar dois televisores no fim. Acontece entre as famílias simples, mas também entre os que têm salários altos", diz Aldineide Rios. A administradora de empresas começou a dar consultoria de finanças há seis meses, no Recife (PE).
Após mais de uma década de experiência, Sabóia afirma que mais de 90% dos casos de endividamento fora de controle são causados por um dos cinco fatores principais: 1) Compra de imóvel mais caro que o orçamento permite; 2) Gastos não previstos relacionados ao carro, como conserto e seguro; 3) Incapacidade de mudar o padrão de vida após redução da renda; 4) Gastos por bebidas, drogas ou vícios; 5) Gastos contínuos por doença.
Mas Sabóia lembra que o crédito pode ser muito bem usado e ser um aliado do consumidor. "Um financiamento bem planejado pode ser uma ótima alavanca para as coisas. Para comprar uma casa, é quase fundamental." Mas é preciso ter cuidado e nunca dar um passo maior que a perna, acrescenta o consultor.
O Estadão em 23 de setembro de 2009
por: Fernando Nakagawa, BRASÍLIA
Nenhum comentário:
Postar um comentário