A fama de bons pagadores fez dos aposentados o alvo preferido das financeiras. Só em março desse ano, mais de um milhão de brasileiros fizeram empréstimos consignados.
Quando o assunto é crédito, os economistas aconselham: desconfie das facilidades. O repórter César Menezes explica porquê.
A fama de bons pagadores fez dos aposentados o alvo preferido das financeiras. Se o orçamento aperta, pegue um empréstimo. Só em março desse ano, mais de um milhão de brasileiros fizeram empréstimos consignados, aquele em que os pagamentos são descontados do salário.
"É o jeito, né? Fazer o quê? Eu precisava", conta a aposentada Maria do Socorro.
Dona Maria do Socorro fez dois consignados. O marido dela, mais dois. E as parcelas, somadas, chegaram ao limite permitido pelo INSS: 30% das aposentadorias.
"Está tudo calculado, senão sai tudo fora de controle", afirma o aposentado Antonio Cardoso.
Quando isso acontece, é fácil conseguir mais dinheiro. O limite do consignado dá segurança ao aposentado. Mas as financeiras oferecem outro tipo de empréstimo, o 'crédito pessoal', que pode comprometer toda a renda do mês.
Por telefone, o atendente promete facilidades. Não consulta sequer se o aposentado está em dia com as contas, explica a funcionária de outra empresa.
Crédito fácil e rápido. Algumas empresas prometem liberar o dinheiro em 24 horas, até para quem já está endividado. As financeiras assumem um risco e cobram por ele. Os juros desse tipo de empréstimo são muito mais caros.
No consignado, eles não podem passar de 2,34% ao mês. O crédito pessoal sai mais caro.
Um empréstimo consignado de R$ 2 mil, com juros de 2,34%, para pagar em sete vezes, gera uma dívida de R$ 2.191. Com o crédito pessoal, com juros de 18% ao mês, o valor sobe para R$ 3.673. É muito? A financeira prefere que você pense no brinde, como, por exemplo, panelas de pressão e batedeiras.
Uma tentação. Mas que pode transformar uma ajuda numa enrascada.
"O bom conselho pra quem vai contratar empréstimo é: 'Eu estou comprando dinheiro. É igualzinho quando vou comprar mercadoria’. Entra em uma loja, vai em outra, vai em outra, até encontrar o produto adequado ao melhor preço", ensina o professor de finanças Ricardo Rocha.
(reportagem exibida no JN de 01/05/2010)
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