quinta-feira, 9 de agosto de 2012

É preciso aprender a viver nesse “novo Brasil” de crédito fácil!




Denise Estrella *

Os países desenvolvidos estão encontrando dificuldades no pagamento de seus compromissos financeiros, em honrar aquelas dívidas contraídas no passado e em contratar novas dívidas no curto prazo. O noticiário fala constantemente em crise na Grécia, na Espanha, na Itália e nos impactos que isso causará nos demais países da zona do Euro.

Afinal de contas, quem deve, tem que pagar. E se quem deve não paga, compromete a vida financeira de quem lhe emprestou dinheiro. E é por essa e outras razões (como retração no crescimento da produção mundial) que alguns economistas renomados acreditam que o mundo irá passar por momentos difíceis nos próximos anos.

Nesse contexto, como fica a percepção sobre o nosso país? O Brasil é visto pelo resto do mundo como um “país com boa capacidade de honrar suas dívidas”, gerando confiança para que investidores estrangeiros apliquem dinheiro aqui. Mas parece que a nível pessoal e familiar temos muito a aprender.

Como forma de impulsionar o crescimento econômico, as recentes medidas governamentais de estímulo à expansão do crédito, levou o brasileiro a reagir como esperado. Com o crédito mais fácil e barato, foi às compras e gastou além da sua capacidade de gerar renda.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) divulgada dia 24/julho pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o percentual de famílias com dívidas chegou a 57,6% em julho, significando alta pelo segundo mês consecutivo. A Peic indica que o nível de famílias inadimplentes (com dívidas e contas em atraso) recuou de 23,2%, em junho, para 21%, em julho. A pesquisa ouviu cerca de 18 mil consumidores em todas as capitais do país e considera como dívida: cheque pré-datado, cartão de crédito, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguros. O cartão de crédito é apontado por 72% das famílias endividadas como a principal dívida.

Comprar é muito bom, mas se você decidir pela compra financiada, avalie se aquela nova prestação cabe no seu bolso já cheio de prestações dos parcelamentos antigos. Analise o seu orçamento doméstico e veja se existem itens que podem ser reduzidos. Alguns talvez possam ser renegociados, aproveitando as ofertas dos concorrentes, tais como: internet, telefone e TV por assinatura.

É importante o Equilíbrio, pois, quem pede emprestado para consumir mais hoje, compromete sua renda e consumo amanhã. Um dia você terá que pagar esse empréstimo e os juros decorrentes desse empréstimo. Envolva sua família e decidam juntos pelo consumo consciente e sustentável!

 * Denise Estrella é economista e planejadora financeira pessoal e familiar


Texto publicado no Jornal Gazeta Niteroiense - www.gazetanit.com.br
Edição Nº 51 – Semana de 04 a 10 de agosto de 2012.

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